29 de março de 2009

Os títulos da discórdia - Convidado: Rafael Zito

Realmente, esse assunto deu o que falar na última semana, portanto, serei bem sucinto nos meus comentários:

Estes títulos devem ser reconhecidos pelo simples fato de terem sido os campeonatos brasileiros da época. Ou não eram? Para não me acharem chato, admito que a Taça Brasil é passível de discussão, pelo simples fato de, em 1967, ter sido disputada no mesmo ano do “nascimento” do Roberto Gomes Pedroza. Alguns jornalistas falam que a Taça Brasil foi a percussora da Copa do Brasil pois, continha um regulamento idêntico do torneio atual. Mas se pararmos para discutir os torneios nacionais devido ao funcionamento de suas regras, ficaríamos dias e mais dias conversando sobre o assunto.

Na Libertadores de 1960, em sua primeira edição, o Peñarol foi campeão disputando apenas sete partidas, em jogos contra três times diferentes. Um dos times que participou foi o Jorge Wilstermann, da Bolívia. E daí, você deve estar perguntando? Este time foi campeão do torneio semi-amador de seu país, ou seja, não era nem profissional. Estes dados retiram o título do famoso “Carbonero” de Montevidéu?

Em suma, como havia prometido, se estas disputas não podem ser consideradas Campeonatos Brasileiros, por que os campeões disputavam a Libertadores? Pelé nunca foi campeão brasileiro? Na época não jogavam apenas os melhores da maioria dos estados?

Quando os clubes não resgatam suas histórias e valorizam seu passado, todos reclamam. Quando o fazem, reclamam também! Daí fica complicado. Vamos resgatar a história do nosso futebol, dando a ela seu merecido valor.

Para falar deste assunto polêmico, convidei meu grande amigo e jornalista Rafael Zito, que escreve para o http://www.fanaticosporfutebol.com.br/ e também no blog http://www.esportejornalismo.blogspot.com/. Rafael não concorda com a unificação dos títulos, sendo assim, fizemos uma “parceria”, e cada um escreveu no blog do outro.

É Thiago, realmente esse assunto é muito polêmico e com uma discussão que não tem fim, já que existem argumentos cabíveis de ambos os lados.

A meu ver, será um absurdo se a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aceitar o dossiê pedindo a unificação dos títulos da Taça Brasil e Roberto Gomes Pedroza com os do Campeonato Brasileiro. Fico admirado como as pessoas tem dificuldade para tratar as competições com a nomenclatura de sua origem. Ser campeão da Taça Brasil e do "Robertão" em nada diminui os feitos das equipes, por isso, é inadimissível que os clubes venham solicitar que esses títulos sejam considerados Brasileiros. Que são conquistas nacionais, não há dúvidas, mas, não são Campeonatos Brasileiros.

O argumento que muitos usam e que, o meu caro amigo Thiago usou, é que eram os títulos nacionais da época. Inquestionável! Entretanto, só por isso deveriam receber uma marca que nunca tiveram? A competição mais antiga do futebol mundial é a Copa da Inglaterra, criada em 1872, tendo como primeiro campeão o Wanderers. Somente, na temporada de 1888/89 foi disputada a primeira edição do Campeonato Inglês, com o Preston North End levando a taça.
Antes de surgir o Campeonato Inglês, tivemos 17 campeões da Copa da Inglaterra, porém, nenhum deles é considerado campeão inglês, nem por isso esses times são diminuidos pelos feitos que obtiveram.

Outra coisa estranha é o que o Thiago citou em seu texto. Como que um time pode ser "Campeão Brasileiro" duas vezes no mesmo ano? Pois bem, o Palmeiras conquistou a Taça Brasil e o "Robertão" de 1967. Os clubes que reivindicam esses títulos como Brasileiros são, inegavelmente, campeões nacionais, mas, pera lá, querer ser campeão brasileiro é querer um pouco demais.

O Campeonato Brasileiro surgiu em 1971 e só deve ser contado a partir desta data, entretanto, na minha opinião, com uma lacuna. Não quero me alongar nesta discussão, mas, também não considero a conquista do Vasco da Gama, em 2000, já que naquele ano houve uma confusão envolvendo o Gama, que conseguiu uma liminar na justiça e não tivemos o Campeonato Brasileiro, mas, a Copa João Havelange, por causa disso, acho um erro a CBF considerar esse título.

Para finalizar vou apresentar mais um argumento. A Copa do Mundo de seleções foi organizada pela primeira vez em 1930. Nesta edição, o Uruguai foi o campeão, ou seja, o primeiro campeão mundial de seleções. Antes disso, não havia nenhuma competição considerada mundial, por isso, os títulos Olímpicos da própria Celeste não podem ser denominados Mundiais, mas, Olímpicos.
Por favor, vamos tratar os campeonatos com os nomes que lhe foram dados. Isso não é esquecer da história, mas, resgatá-la da forma como foi escrita. O que essas agremiações estão querendo é reescrever a história a maneira que mais lhe interessam.

Para mim é uma honra estar escrevendo no Blog do jornalista Thiago Fagnani. Um amigo e profissional de alta qualidade.

3 comentários:

O Campeão do Séc XX disse...

É palhaçada não reconheçer os títulos!Não vou dizer :"Então o Pelé nunca foi campeão brasileiro?",não vou meter o Pelé nisso!Se ele o Pelé não tivésse sido campeão de uma Libertadores ela não seria nada?Não é bem por ae usar essa justificativa..E também não é por causa que mudou de CBD pra CBF que não deve ser respeitado o Roberto Gomes Pedrosa!Esse torneio(RGP)tinha a mesma organização e regras do atual Campeonato Brasileiro!Só muda o nome...PALMEIRAS É 6 VEZES CAMPEÃO BRASILEIRO E FIM DE PAPO ¬¬

Esteban dL disse...

eh, que polémica Thiago... muito espesa la situación...
mucho no entiendo... pero parece que no quieren reconocer algunos titulos ganados... y bue... jodido

saludos!

Rafael Zito disse...

Gostaria de convidá-lo a dar seu parecer no quadro "Opiniao" dessa semana... www.esportejornalismo.blogspot.com

O jogador Adriano, da Inter de Milão e da seleção brasileira, resolveu dar um tempo em sua carreira. Este é o assunto abordado no quadro “OPINIÃO” desta semana. O Blog Jornalismo Esportivo quer discutir até que ponto a fama atrapalha a vida de um jogador que, ao sair do nada, é transformado em ídolo absoluto de um clube europeu, mesmo sem o preparo psicológico para isso.